Um
empresário foi preso na manhã deste sábado (26) após atirar com uma espingarda
contra uma cadela em sua propriedade rural, em Cajuru (298 km de São Paulo). José Francisco Jaqueta, 67, afirmou
aos policiais ambientais que o flagraram, por volta das 9h, que a cachorra
comia galinhas em sua fazenda e atacava pessoas. Ele vai responder por porte ilegal de arma e crime de maus-tratos contra
animais. Também levou uma multa de R$ 1.500.
O tiro, de cartucheira calibre 28,
estraçalhou a pata esquerda traseira do animal, que foi conduzido às pressas a uma clínica veterinária de
Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). Passou por cirurgia, duas transfusões de
sangue e permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). De acordo
com o veterinário Wendel Monteiro Barboza, 27, o estado de saúde da cadelinha é delicado. Ela tem aproximadamente quatro anos, 25 quilos e perdeu
muito sangue. “Ela chegou aqui quase
inconsciente de tanto sangue que perdeu. O tiro rompeu muitos vasos. Achamos melhor amputar a pata”, afirmou. Com um
cateter nasal para melhorar a oxigenação e em forte estado de sonolência devido
à hemorragia, as próximas 72 horas, de acordo com o veterinário, vão ser
fundamentais para saber se a cachorra vai sobreviver. Apesar de ferido, a sorte sorriu para o animal duas
vezes após ser baleado. Primeiro porque a Polícia
Ambiental fazia ronda perto da fazenda, ouviu o disparo e, em dez minutos,
chegou ao local. Lá, os policiais ambientais avistaram o empresário e, ao lado
dele, a cadela ensanguentada. Em busca pela fazenda, o cabo e o soldado que
atenderam a ocorrência encontraram a espingarda cartucheira com a numeração
raspada, o que caracterizou crime inafiançável. Doação de sangue O cabo Geraldo Estêvão Machado Júnior e o
soldado Alcides de Paula Toledo chamaram a Polícia Militar para dar sequência
ao flagrante e seguiram em alta velocidade para a clínica em Ribeirão, que foi
avisada por telefone da ocorrência para preparar o atendimento. Machado Júnior
afirma que, ao chegar a Ribeirão Preto, constataram que havia somente uma bolsa
de sangue canino disponível na cidade. Os
dois policiais foram então às ruas pedir sangue para os donos de cães que
encontravam. A dona de casa Débora Falcão aceitou fornecer 450 ml do sangue do
labrador Zeus. O mesmo fez outro morador não identificado. A segunda boa notícia para a cadela ferida foi sua adoção
por duas irmãs, que a batizaram de Vitória, na esperança de que sobreviva.
Jacqueline e Karoline Alves de Oliveira perderam há três semanas a poodle
Lolita, por leucemia. “Não é porque ela perdeu uma pata que a gente vai
deixar de adotar. Há muitos bichos nessas condições que estão precisando de
amor e carinho”, afirma a assistente de coordenação de colégio Jacqueline, 27. Na nova casa, Vitória vai poder circular com
liberdade por todo o imóvel, como fazia Lolita. Segundo o veterinário, ela vai
se adaptar à futura vida com três patas, caso resista aos ferimentos. “Se viver, ela vai distribuir o peso do corpo
sobre os três membros e se locomover sem problemas.” Prisão O empresário, ao receber voz de prisão,
passou mal e foi internado num hospital de Cajuru, sob a custódia da Polícia
Militar. No quarto em que permanece internado, um soldado da PM informou que
Jaqueta dormia e, por isso, não poderia convesar com a reportagem. O UOL telefonou
então para a casa do empresário para saber o nome do advogado que o vai
defender das acusações criminais. Uma pessoa que não se identificou afirmou que
a família nada tem a declarar sobre o caso. Os
policiais que atenderam ocorrência e o veterinário que cuida de Vitória negam
que o animal seja feroz, como afirmou o empresário. Eles disseram que o animal é extremamente
dócil. “Foi um prazer imenso poder socorrer um bicho indefeso, que não oferece
risco nenhum. Mesmo alvejado, situação em
que os bichos ficam agressivos, ele permaneceu tranquilo. É inexplicável que uma pessoa tenha coragem de
cometer uma crueldade dessas”, afirmou o cabo Machado Júnior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário