Cultura de células in vitro e programas de computador para cálculos da interação de drogas dentro do corpo humano são apenas duas das muitas opções para a extinção do uso de animais em estudos e pesquisas científicas. O avanço tecnológico e o fato de outros países proibirem a prática de pesquisas com animais são os principais argumentos dos favoráveis à mudança da lei brasileira que regulamenta e permite que ratos, cachorros, primatas e outros bichos sejam utilizados nos laboratórios.
Biólogo
formado pela Universidade de Campinas (Unicamp) e mestre em alimentos e
nutrição, Sérgio Greif afirma que o uso de animais em estudos e pesquisas
científicas é ineficaz justamente pelas diferentes particularidades dos
organismos de diversas espécies. “Um produto pode ser altamente tóxico para o
ser humano e não ser para o rato. A toxidade de um produto varia de uma espécie
para outra. Não tem a ver com quantidade ou com o tamanho do animal e sim com a
espécie”, afirma. O biólogo garante que os testes in vitro feitos com cultura
celular são mais eficazes por utilizarem células humanas no cálculo da toxidade
da interação química dos produtos, por exemplo.
“Os
testes in vitro em frascos de co-cultura são bem específicos e utilizam várias
linhagens diferentes de células interagindo da mesma forma como fariam no corpo
como um todo”, explica o biólogo. Esse métodos, afirma Greif, é uma forma de
simular a reação do corpo humano como um todo quando a substância for
administrada. Essa metodologia possibilita maior proximidade com as reações do
organismo humano do que os testes com animais. Greif conta que a indústria do
tabaco, por décadas, não foi obrigada a avisar na embalagem sobre os riscos do
cigarro causar câncer. “Eles faziam testes em animais que não desenvolviam
câncer como os seres humanos e alegavam não haver comprovação de que o cigarro
causa câncer, o que hoje sabemos que não é verdade. A questão é que o organismo
do animal reage de forma diferente aos mesmos agentes químicos.”
Outra
ferramenta citada por Greif é o estudo epidemiológico por meio do qual uma
população com determinada patologia é observada pelos cientistas. Essa observação
pode ser feita para conhecer o desenvolvimento da doença e as formas de
tratamento. “Os resultados são ótimos pois são feitos na população real”,
comenta o especialista. Como exemplo dessa metodologia de pesquisa, o biólogo
cita estudos envolvendo o diabetes.
Co-autor
do livro “A Verdadeira Face da Experimentação Animal” e autor de “Alternativas
ao Uso de Animais Vivos na Educação”, Greif destaca que os chamados métodos
substitutivos ou alternativos (que substituem a utilização de cobaias vivas por
outras ferramentas de estudos) são antigos. “Toda a ciência que temos hoje
deriva desses métodos. O problema é que a experimentação com animais também foi
feita paralelamente e esses estudos prevalecem”, lamenta.
Fonte: ANDA
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