TRF3 deferiu recurso da ONG Abrigo dos Bichos, de Campo
Grande.
CRM-MS informou que conselho mantém posição de ser contra tratamento.
Uma
decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região autoriza o tratamento da
leishmaniose visceral em cães em todo o país. O pedido de liberação foi feito
em ação movida pela ONG Abrigo dos Bichos, sediada em Campo grande. A sentença
suspende os efeitos da portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) que proíbe a utilização de medicamentos de uso humano no
tratamento de cães infectados pela doença. Ainda cabe recurso da decisão, que
foi publicada no Diário da Justiça Federal da 3ª Região na última quarta-feira
(16-04-14).
A
decisão é da 4ª Turma do TRF 3ª Região, concedida pela maioria dos
desembargadores no dia 16 de setembro, porém, só tem validade a partir da
publicação do acórdão, o que foi feito apenas no dia 16 de janeiro deste ano.
A
assessoria de imprensa do Mapa informou ao G1 que não foi notificada
oficialmente sobre a decisão judicial, e assim que isso ocorrer, técnicos do
órgão irão discutir o assunto.
O
Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MS) informou que a decisão não
muda as orientações do órgão, que é contra o tratamento da doença. "É
preciso estabelecer que a portaria regulava a atuação dos órgãos de saúde
pública com relação ao controle da doença. Até que haja o reconhecimento da
comunidade científica sobre a cura da doença, ou o registro dessas drogas, que
possibilitem a mudança de posicionamento do conselho federal, qualquer médico
veterinário do estado que insistir em lançar mão do medicamento, estará
transgredindo o código de ética.", diz o presidente do órgão, Eduardo
Marcondes.
Um
caso de tratamento de cão que levantou polêmica é o do cão Scooby, que em julho
de 2012 foi amarrado em uma motocicleta e arrastado pelo dono por 4 Km até o
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), em Campo Grande. Um exame atestou que o
bicho tinha leishmaniose. Internautas fizeram campanha para que Scooby não
fosse sacrificado. O cachorro foi levado a uma clínica veterinária para receber
tratamento contra a doença, com autorização da prefeitura de Campo Grande.
No
ano passado, a veterinária Sibele Cação, então presidente do CRMV-MS, defendeu
publicamente o tratamento contra a leishmaniose em cães e, por conta disso, foi
destituída do cargo. Ela disse que, após cinco meses de tratamento, o vira-lata
não tinha mais os sintomas da doença.
A
assessoria do Ministério da Saúde informa que existe tratamento contra
leishmaniose apenas para humanos, com três medicamentos disponíveis no sistema
SUS.
Fonte: G1
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