Lagartixas a bordo do satélite Foton-M4 (Foto:
Roscosmos)
Na última semana, a Rússia enviou novamente animais para o espaço com a justificativa de
estudar a interação biológica dos seres na microgravidade. A missão
teria previsão de durar dois meses, porém, neste fim semana foi noticiado que a
sala de controle russa perdeu o contato com o satélite e os animais estariam à
deriva no espaço. As informações são do portal G1.
O foguete foi lançado a partir do Cosmódromo de
Baikonur, no Cazaquistão, às 20h50 UTC no dia 19 de julho. A cápsula espacial
Foton M4 foi colocada em órbita 10 minutos após o lançamento. Segundo Agência
Espacial Federal Russa, ou Roscosmos, o lançamento ocorreu com sucesso e o
satélite estaria tripulado por dezenas de lagartixas.
Lançamento da cápsula Foton M4 (Foto: Zenite)
No último ano, o país protagonizou uma polêmica ao
enviar para o espaço uma cápsula tribulada por ratos, gerbos, lagartos e
caracóis com o objetivo de testar os “níveis de sobrevivência dos animais com a
ausencia de gravidade”. Deixando claro, que as mortes já eram esperadas. Após 30 dias, a cápsula retornou ao planeta e metade dos animais estavam
mortos, a outra metade, que supostamente teria sobrevivido, teve destino
desconhecido.
Os cientistas justificam os experimentos afirmando
que é necessário compreender o comportamento da fisiologia animal no espaço,
para que assim, seres humanos possam ser enviados em viagens mais distantes com
o mínimo de riscos.
Segundo portal Galeria do Meteorito, a cápsula
Foton M4, enviada na última semana, além das lagartixas, leva também dezenas de
ovos que serão expostos a radiação cósmica. O equipamento foi baseado na nave
espacial Vostok que levou Yuri Gagarin em órbita em 1961, no primeiro voo
espacial humano.
Os animais enviados ao espaço são considerados por
alguns como “desbravadores” e “heróis” como se tivessem optado por doar suas
vidas à pesquisas cientifícas. Com muitas de chances de morrerem em viagens
longas, caso tenham a sorte de aterrissarem com vida, passarão o restante de
seus dias confinados em laboratórios ou como atrações.
O programa espacial russo há anos envia animais ao
espaço, entre os anos 50 e 60, dezenas de cães, em especial fêmeas, foram
retirados das ruas e expostos a um treinamento de inatividade, que consistia em
manter os animais trancados em caixotes minúsculos por cerca de 20 dias. Na
época, os cientistas alegaram que foram escolhidos animais em situação de rua,
pois estes “tinham mais chance de suportarem o estresse da viagem”, uma vez que
estavam acostumados viverem em situações adversas.
Segundo a enciclopédia livre, Wikipédia, o
treinamento dos cães incluía ficarem parados por longos períodos, em cansativas
roupas de astronauta, sendo colocadas em simuladores que agiam como um foguete
durante o lançamento, como também sendo colocadas em centrífugas que simulavam
a alta aceleração do foguete durante o lançamento, sendo mantidos em gaiolas
progressivamente menores que as preparavam para o confinamento das cápsulas
espaciais. Sua alimentação consistia numa geleia rica em proteínas; isto era
altamente fibroso e ajudava na excreção dos animais durante o longo tempo em
repouso. Mais de 60% dos cães usados para ir ao espaço, segundo reportado,
sofreram de obstipação e pedras na bexiga quando chegaram à base.
É importante frisar, que nenhum desses animais teve
opção. Todos foram expostos a treinamentos estressantes e por vezes violentos.
Os números oficiais sobre mortes e acidentes envolvendo animais nunca foi
divulgado. Estes experimentos, por vezes esquecidos e só trazidos à debate em
casos como o da cápsula Foton M4, acontecem diariamente e fogem das
estatísticas.
Relembre animais enviados ao espaço
Moscas-das-frutas (1947)
Foto: Reprodução Internet
Os EUA foram os primeiros a enviar um organismo
vivo ao espaço. As moscas-das-frutas fizeram uma viagem dentro de uma cápsula,
junto com um pouco de algodão e algumas sementes de centeio. O objetivo do voo
era estudar os efeitos da radiação em plantas e animais. Segundo fontes da
época, as moscas retornaram com vida.
Albert I e Albert II (1948/1949)
Foto: Space Chronology
Dando início ao Projeto Albert, em 11 de junho de
1948, Albert I, um macaco-rhesus, foi lançado pelos EUA ao espaço, a bordo do
foguete Blossom V-2. O macaco, porém, morreu sufocado. No ano seguinte, em 14
de junho de 1949, Albert II foi o primeiro macaco enviado para um voo
suborbital. A viagem tinha como objetivo estudar os efeitos do espaço no
organismo animal. Albert aguentou durante toda a viagem no espaço, mas morreu
na aterrissagem.
Laika (1957)
Motagem feita pelo blog Mural Animal
A corrida espacial entre EUA e Rússia, iniciada com
a Sputnik 1, resultou no envio da Sputnik 2 um mês depois, em 3 de novembro de
1957. A bordo da nave, a cadela Laika, mandada para ser o primeiro animal a
fazer um voo na órbita da Terra. Laika era uma cadela resgatada das ruas de
Moscou para o programa espacial soviético citado acima.
A cápsula de Laika, no entanto, não havia sido
projetada para ser recuperada, o animal foi enviado propositalmente à morte.
Embora informações iniciais tivessem indicado que a cadela teria sobrevivido
alguns dias, evidências revelaram, mais tarde, que Laika morreu algumas horas
após o lançamento. Sua morte foi resultado do superaquecimendo da cabine e ao
estresse a que foi submetida.
Able e Baker (1959)
Foto: Old Life Megazines
Em 28 de maio de 1959, os EUA enviaram Able, uma
fêmea de macaco-rhesus, e Baker, um macaco-esquilo, a bordo de um foguete
Júpiter AM-18. O voo foi considerado bem sucedido, mas Able veio a falecer
durante a remoção cirúrgica dos sensores que haviam sido implantados para
transmissão de seus sinais vitais.
Foto: Times Inc / Arquivo
Belka e Strelka (1960)
Foto: Amazonas WS
O primeiro resgate considerado bem sucedido de cães
enviados ao espaço foi o de Belka e Strelka, lançados a bordo da Sputnik 5, em
19 de agosto de 1960. As cadelas russas tiveram como companhia 40 camundongos,
dois ratos e algumas plantas. Mais tarde, Strelka teve seis filhotes, um deles,
nomeado Pushinka, foi adotado pelo presidente Kennedy.
Chernushka e Zvezdochka (1961)
Foto: Kris Photo
Duas cadelas são consideradas heroínas
“involuntárias” responsáveis por abriram espaço para Yuri Gagárin, o primeiro
homem no espaço. A primeira delas, Chernushka, foi enviada junto com alguns
ratos e um porco da Guiné a bordo da Sputnik 9, em 9 de março de 1961. A viagem
considerada bem sucedida levou a cadela Zvezdochka a fazer o próximo voo, duas
semanas depois, em 25 de março de 61.
Ham (1961)
Foto: Daily Mail
Ham foi o primeiro chimpanzé enviado ao espaço, a
bordo de um foguete Mercury-Redstone 2 da Nasa, em 31 de janeiro de 1961. O
chimpanzé realizou um voo suborbital com sucesso e foi resgatado com vida. Após
o voo, Ham passou o resto de sua vida confinado em um zoológico como atração.
Félix ou Felicite (1963)
Foto: Famous Felines
Em 18 de outubro de 1963, a França enviou o um gato
ao espaço. Algumas fontes afirmam que o gato era na verdade uma fêmea,
Felicette. De qualquer forma, o animal foi o único felino, até hoje, enviado ao
espaço para um voo suborbital.
Félix vivia nas ruas de Paris até ser “recrutado”
para a missão, que tinha como objetivo estudar os efeitos da microgravidade no
cérebro do animal. Com eletrodos implantados em seu cérebro, o gato foi
recuperado com vida, mas seu destino após o regresso é desconhecido.
Veterok e Ugolyok (1966)
Foto: Diário da Rússia
Os cães russos Veterok e Ugolyok são considerados
detentores de um recorde espacial. Enviados ao espaço, em 22 de fevereiro de
1966, a bordo da espaçonave Voskhod 3, eles permaneceram em órbita por 22 dias.
O recorde canino de permanência no espaço só foi batido pelos humanos com a
Skylab 2, em 1974.
Arabella e Anita (1973)
Foto: Virgim Media
Arabella e Anita foram as primeiras aranhas a serem
enviadas ao espaço. Em 28 de julho de 1973, as duas foram lançadas pela Nasa, a
bordo do foguete Saturn V, com destino à estação espacial Skylab 3, onde
permaneceram 59 dias. O objetivo da missão era observar se as aranhas seriam
capazes de tecer uma teia no espaço, em um ambiente de microgravidade.
Arabella e Anita conseguiram construir uma teia,
porém Anita morreu na Skylab, pouco antes de retornar à Terra, enquanto
Arabella morreu na cápsula de regresso, durante a reentrada na atmosfera. Os
corpos das aranhas permanecem em exposição no Museu Smithsonian, em Washington
O número de vítimas nunca será preciso e devido ao
grande número de fracassos, tende a aumentar. Muitos desses “heróis” e
“heroínas”, receberam em troca a morte ou vidas cativas em laboratórios e
zoológicos. Países que ostentam seu poder tecnológico, ainda são incapazes de
criar políticas que impeçam a exploração e crueldade a animais apenas para
satisfazer egos internacionais. Esses seres pagam com suas vidas para
satisfazerem a curiosidade de grupos científicos e corporativos.
Os animais tidos como “desbravadores” no espaço, na
Terra, são vítimas de ações especistas e submetidos a todo tipo de exploração
com o objetivo de servir a seres humanos, até em escalas espaciais.
Segundo Neil Armstrong, primeiro homem a chegar a lua, a chegada ao espaço
e a outros corpos celestes é um grande passo para a humanidade. Mas a que
custo?
Bibliografia: Animais no
Espaço
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