Estudos
demonstram que animais têm consciência e colaboram com luta por direitos.
Já é fato
sabido que macacos de reconhecem em frente ao espelho (Foto: Reprodução)
Atualmente
a ciência vem comprovando algo que já está sendo discutido há anos: os animais
não humanos também tem consciência de si, do mundo ao redor e também sentem
dor. De macacos, golfinho a papagaios, polvos e moscas, todos eles conseguem
perceber a si mesmos num ambiente, todos eles sentem medo, felicidade,
frustração e tantos outros sentimentos que sempre foram designados como
exclusivamente humanos, e sentem dor, segundo as pesquisas de renomados
cientistas de Harvard, MIT, Princeton e do Instituto Max Planck. As informações
são da Galileu.
As
consequências de tal conclusão é um passo enorme para a luta pelos direitos dos
animais, já que iguala o status dos animais não humanos com os animais humanos.
Não há, então, justificativa plausível para levar dor a qualquer animal ou para
desconsiderar seu valor moral intrínseco.
Um dos
animais que ajudou a chegar a esta conclusão foi o papagaio Alex.
Alex, que
tinha como tutora e neurocientista Irene Peppenberg, foi um grande
exemplo por conseguir entender os conceitos de “maior” e “menor”, por decorar
mais de 100 palavras e, de maneira surpreendente, por conseguir articular os
conceitos e sílabas das palavras para formas novas. O neologismo foi a prova de
que Alex possuía uma consciência capaz de resolver problemas lógicos.
Foto:
Reprodução/Folha
Em sua
“experiência” crucial, Irene apresentou a imagem de uma banana e o nome da
fruta para o papagaio, que logo o decorou. Em seguida apresentou a imagem de
uma cereja e disse-lhe seu nome, da mesma maneira ele prontamente decorou. Foi
então que a cientista lhe mostrou a imagem de uma maça e perguntou-lhe o nome
da fruta. O papagaio sugeriu “banerry” (uma mistura de Banana + Cherry, cereja
em inglês. Algo como “baneja”, se traduzido). Como a maçã é branca por dentro,
ele associou com a Banana e, como ela é vermelha por fora, ele associou com a
cereja.
Já Bruno
van Swinderen demonstrou que a Drosophila melanogaster, a mosca-de-fruta, tem
atenção seletiva. Ela prende sua atenção de maneira seletiva, o que requer
comportamentos cerebrais mais complexos e exige níveis de consciência. Até
mesmo polvos demonstraram ter um certo nível de consciência ao se comportarem
de maneira diferenciada para imagens de seus predadores e imagens de suas
presas, indicando um “sofisticado circuito neural no cérebro”, segundo o
pesquisador David Edelman.
Como
tratamos os outros animais?
Com estas
conclusões, fica cada vez mais difícil admitir que o tratamento dado pelos
humanos aos outros animais é legítimo. Dizer que animais podem ser produzidos
em escala industrial para consumo humano, ou que podem ser superalimentados
para a fabricação de patês, não parece mais ser justificado pela suposta falta
de consciência dos animais.
Além da
questão da consciência, os animais merecem respeito, também, por serem
passíveis de sentir dor. Eles têm interesse próprio, querem viver. Este
interesse precisa ser respeitado.
O
escritor Jonathan Safran Foer dedicou três anos para pesquisar em documentos,
revistas, livros e estatísticas, além de ter ido ver com os próprios olhos
dentro de fazendas e granjas como era o tratamento dado pela indústria
alimentícia aos animais. Os animais, sejam eles quais forem, morrem de maneira
brutal, com pancadas na cabeça, pauladas em fêmeas grávidas, surras para “bom
comportamento” (para a submissão do animal aos criadores) e alguns retiram a
pele dos animais ainda vivos e de maneira sádica.
No
aspecto prático, resta conseguir direitos plenos para os animais, de modo que
não sejam tratados como propriedade ou mercadoria e que, assim, não sejam
objeto de exploração econômica, como em circos, no cinema, em zoológicos e na
indústria alimentícia. Apesar de pouco ser, de fato, concluído sobre o assunto,
ativistas do mundo inteiro agem para denunciar e discutir as relações de
humanos e animais não humanos.
No
Brasil, em São Roque (SP), manifestantes protestaram contra o uso
de cachorros em experiências de produtos farmacêuticos; já no Peru,
ativistas denunciaram a “Festa do gato”,
que promove a matança e consumo de gatos; no Chile, ativistas invadiram um
rodeio e foram agredidos pelos participantes;
e na Bolívia, manifestantes protestaram em frente à
ONG que promove seminários para a realização de experiências com
animais. Todos estes manifestantes têm lutado pelos direitos dos animais e
precisam ser ouvidos.
Reconhecer
a consciência em animais não humanos foi um passo importante, mas sendo
consciente ou não de sua própria existência e do mundo ao redor, os animais
ainda precisariam de respeito pleno e reconhecimento de sua alteridade,
portanto, um tratamento que não os reduzissem a uma mercadoria (um que nem
mesmo os colocassem em tal categoria).
Fonte: ANDA