A irmã dele, Rosilene Dias, de 52, diz que o
irmão quase morreu e agora está prestes a receber alta do Hospital Odilon
Behrens. “Ele não pode saber que os animais estão passando fome, se não adoece
e vai querer voltar para a casa. O médico já disse que é melhor ele ficar morando
com a família, ou vai acabar morrendo”, disse a mulher.
Ela afirma ter comprado um saco de 15 kg com o
pouco dinheiro que tinha, mas o alimento não foi suficiente por conta da
quantidade de animais. “Liguei para a Prefeitura, para a Zoonoses, e eles falam
que só catam animais na rua. Estamos desesperados, sem saber o que fazer.
Alguns já estão até praticando canibalismo, comento os outros”, garantiu a
mulher.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) foi
procurada por O TEMPO e informou, por meio de uma nota, que o Centro de
Controle de Zoonoses (CCZ) tem como atribuição fundamental prevenir e controlar
doenças, de acordo com as normas técnicas recomendadas pelo Ministério da
Saúde. O órgão recolhe animais em situação de rua por meio de ações de rotina e
também por meio de demanda espontânea da população, pelos telefones 3277-7411 e
3277-7413 e pelo e-mail cczsmsa@pbh.gov.br. Também se pode ir à sede do centro,
na rua Edna Quintel, 173 – São Bernardo.
Entretanto, conforme lei municipal (Portaria
020/2008), “o CCZ não tem autorização para recolher animais que estão em
propriedade particular; exceto cães que, comprovadamente, representam risco à
saúde da população, como nos casos de cães com leishmaniose visceral. Para
isso, existe um Programa Municipal estruturado, que define as áreas de risco
nas quais existe uma rotina de coleta de sangue dos cães, para diagnósticos. O
trabalho também ocorre em visitas demandadas por agendamento da população por
meio do SAC”, diz a nota. Ainda segundo a SMSA, caso seja solicitado o CCZ pode
realizar exames de leishmaniose e de castração nos animais.
Protetores
Após os familiares do dono da casa procurarem
ajuda com alguns protetores de animais, o caso foi compartilhado nas redes
sociais e um grupo de pessoas se disponibilizou a auxiliá-los. Luíza Lobato, de
54 anos, que trabalha com transporte de animais, acabou tomando a
responsabilidade para si, pegando inclusive a chave da residência.
“Ontem (quarta-feira) pela manhã passei na casa
para verificar a denúncia e foi devastador. Parte dos animais estavam dentro da
casa e alguns do lado de fora. Joguei ração pelo portão e foi uma cena
horrível. Os animais brigando por causa de comida, desesperados, tentando puxar
os grãos que caíram do lado de fora com a pata”, lembrou a protetora.
Após constatar a péssima situação dos animais,
ela “recrutou” um grupo de protetores, que fizeram um mutirão de limpeza na
casa nesta quinta-feira (19-06-14). Ao abrir o portão, alguns animais fugiram
desesperados, após dias de fome e sede, sendo que cerca de 20 animais, além dos
filhotes, ainda continuam lá.
“Limpamos as fezes e urinas, que estavam em todas
as partes. Levamos ração, demos vermífugo para todos e levamos os filhotes que
estavam lá para um local mais apropriado. Agora vamos fazer exames em todos
eles, castrar com um preço mais acessível e vacinar. Várias fêmeas estão
grávidas, pois ficavam todos misturados”, contou Lobato.
O objetivo é tratar de todos os animais e
castrá-los para, somente então, disponibilizá-los para adoção com famílias
responsáveis. “São animais muito dóceis, que ficam à procura de carinho,
lambendo quando chegamos. Estavam famintos. Tinha um pequenininho que estava
trancado em um quarto e desde quando chegamos até a hora que saímos ele não
tinha parado de comer”, detalhou.
Com mais de 50 animais em sua casa, a protetora
também não tem condições de arcar com tudo que será feitos pelos animais.
“Conseguimos a castração à baixo custo, vacina também, mas as doações em
dinheiro para arcar com isso e rações serão muito bem vindas”, afirmou. Ainda
segundo ela, uma campanha por doações também será feita para auxiliar uma
idosa, moradora de Santa Luzia, que ajuda mais de 80 cães.
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