A veterinária Vivian
Barbosa da Silva Santos garante que não há problemas em dividir lençóis,
travesseiros e colchão com o bichinho. Para isso, o primeiro passo é ficar de
olho na saúde do pet. Avacinação deve estar em dia. Os banhos devem ser
semanais, e os vermífugos precisam ser aplicados no prazo correto.
Outro comportamento
fundamental antes de dividir a cama é lavar e
secar as patas da mascote depois do passeio na
rua.
- De preferência com um secador de cabelo, o que evita
que as patas fiquem úmidas
A própria veterinária não
abre mão de dormir ao lado do golden retriever Zeus. Outra dica da médicapara evitar transtornos e doenças diz
respeito à roupa de cama. Se o cão soltar muito pelo, assim como o dela, é
aconselhável trocá-la diariamente.
- Sem dúvida, é uma tarefa a mais, mas é o preço que se
paga para quem não abre mão de dormir ao lado do pet.
Para quem acha estranho
dormir na mesma cama que o animal de estimação, acredite: esse comportamento
está mais comum do que se imagina. Dados da pesquisa Radar Pet, realizada
este ano pela Comac (Comissão de Animais de Companhia), do Sindan (Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal), mostrou que no Brasil 55%
dos cachorros de
estimação dormem dentro de casa.
São 23% que passam a noite no quarto dos donos e 12% que
têm um dormitório só para eles. Outros 11% dormem na sala e 9%, na lavanderia
ou no banheiro.
Segundo o veterinário
André Santa Rosa, com a maior proximidade entre donos e cães, é natural que
aumente o número de cachorros dormindo no quarto. O treinador e especialista em comportamento animal
Max Macedo destaca que esse comportamento acaba refletindo na humanização do
animal.
- Se o cão é criado e tratado adequadamente, não será o
fato de permitirmos eventualmente que ele suba em nossa cama que trará
condenação a essa conduta. O problema é que, atualmente, as pessoas confundem
tratar bem um animal com tratá-lo como uma criança, e muito pior, com
permissividade. Um cão é um cão e pronto, não porque sou insensível, mas por
que é assim que tem de ser. O animal deve e precisa ser tratado como tal. Isso
evitará aos proprietários boa parte dos transtornos comportamentais que tenho
visto por aí.
O resultado negativo dessa
humanização, segundo Macedo, pode ser facilmente identificado pelo dono. O
animal passa a ficar agressivo sem motivos reais, apresenta dificuldade de
contenção e manejo, quando é levado ao veterinário, destrói tudo dentro de casa
e resolve morder os proprietários quando é contrariado. Alguns fazem até greve
de fome, quando algo muda em sua rotina.
- Tudo isso é consequência da tentativa de humanizá-los.
A pediatra Jussara Fontes pontua que permitir ou não que
o bichinho de estimação durma na cama com o dono deve ser individual.
- Aquele animal que vive
na rua evidentemente irá trazer bactérias, micróbios
e tantos outros agentes patogênicos que podem acarretar males à saúde do dono,
como uma alergia, por exemplo. Daí a necessidade dos cuidados antes de permitir
que o pet divida a cama com seu proprietário. Entretanto, é igualmente
fundamental avaliar os benefícios que podem estabilizar os comportamentos
afetivos do dono. O que aquele animal significa para a vida dele? O que estamos
discutindo pode não ser simplesmente o ato de dividir a cama com o animal. Esse
comportamento pode ir além disso. É preciso bom-senso antes de tomar qualquer
decisão.
De acordo com Jussara, estudos realizados por
especialistas em defesa de sistema imunológico revelam que as pessoas que
convivem com animais têm menos propensão a desenvolver alergia ou doenças que
afetem o sistema respiratório.
Donos também ficam dependentes
Não são apenas as doenças e os problemas respiratórios que tiram o sono dos donos dos animais de estimação que se propõem a dividir a cama com eles. As vantagens e as desvantagens também passam por quesitos emocionais.
Não são apenas as doenças e os problemas respiratórios que tiram o sono dos donos dos animais de estimação que se propõem a dividir a cama com eles. As vantagens e as desvantagens também passam por quesitos emocionais.
A psicóloga Wanda Mendes explica que a principal vantagem
do ponto de vista humano é a sensação de aconchego e prazer que a companhia do
animal proporciona. Entretanto, ter o bichinho na cama pode soar muitas vezes
como um retorno recompensador à correria do dia a dia, que, geralmente, impõe a
falta de tempo para atividades de lazer e laços afetivos.
- Por isso, esses animais são tantas vezes tratados como
crianças. É a fuga do dono que se encontra impedido de construir uma família.
Mas não são apenas os animais que estão condicionados à
situação de dependência. Ao adotar esse hábito, muitos proprietários deixam de
sair ou voltam mais cedo para casa, porque imaginam que o bicho não está bem.
Outros até desistem de viajar, caso não consigam incluir o bicho na bagagem, e
os animais ficam mais ansiosos à medida que envelhecem.
O casal de aposentados Adelmo e Maria Eunice Baracho
conhecem muito bem essa história. Há nove anos, convive com o poodle Roque, que
sempre dorme na cama dos dois.
- Meu filho saiu para comprar um peixe e voltou com ele.
O Roque chegou tão pequenininho e chorava tanto que, no início, permitimos que
ele dormisse na cama para acalmá-lo. Depois ele tomou conta da situação.
Para se prevenir, o casal leva o cão para tomar banho às
sextas-feiras e exibe o cartão de vacinas com tudo em dia.
- Todos os meus filhos cresceram e foram construir suas
vidas mundo afora. O Roque passou a ser nossa companhia para todas as horas.
Não viajamos há muito tempo, porque ele não se adapta, e não temos coragem de
deixá-lo pra trás. Mas tê-lo ao nosso lado é tão gratificante que vale todo e
qualquer sacrifício.
A aposentada Lúcia de Fátima Mendonça, 56 anos,
proprietária da bichon frisé Julie, de 9, garante que não consegue imaginar a
vida sem a cadelinha.
- Quando comprei Julie, passava por uma estafa terrível e
me sentia muito mal, com a vida sentimental complicada e um cansaço físico
tremendo. Ela veio como um porto seguro. É uma amiga de verdade.
Ao contrário do casal Baracho, Lúcia carrega a pequena
Julie para todos os cantos.
- Até hoje ela só não foi ao consultório do meu médico,
mas até na igreja a cadela entra. Quando o telefone toca, a Julie fica de olho,
como se estivesse a perguntar: E aí? Pra aonde vamos?
Fonte: R7
Fonte: R7