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Divulgação
De 30 de
novembro a 1º de dezembro de 2013, acontece, em Curitiba, a 4º edição da Mostra Animal –
Mostra Internacional de Cinema Pelos Animais. O evento é um dos mais
importantes do país e ajuda promover o debate e a reflexão sobre a defesa e
respeito aos animais em suas mais amplas formas. Interessados em inscrever seus
filmes – sejam produções independentes ou profissionais, curtas ou
longas-metragens – devem entrar no site www.mostraanimal.com.br
no link “Inscrições”. A inscrição
vai até o dia 15 de agosto e é gratuita.
A Mostra
Animal teve sua primeira edição em 2009 e, de lá para cá, vem se consolidando
no calendário de eventos para o movimento de respeito aos animais. Na última
edição, em 2012, foram exibidas 19 produções nacionais e internacionais. O
evento é organizado pela SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira em parceria com
a Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura da Cidade e apoio de empresas e
organizações importantes como ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais,
CNA – Curitiba/Boa Vista, ViSta-se e Semente de Girassol – Produtos Veganos.
“Nos
próximos anos, a tendência é que aconteça uma “explosão” do tema animal em
nossa sociedade, e o cinema e as artes serão peças importantes para ajudar na
conscientização em relação à necessidade de uma nova forma de nos relacionarmos
com as outras espécies que habitam nosso planeta”, observa Ricardo Laurino,
coordenador da IV Mostra Internacional de Cinema pelos Animais.
Ricardo
explica que qualquer pessoa pode colocar uma câmera nas mãos e gravar seu vídeo
ou depoimento mostrando a interação entre homens e animais. Além de vídeos
amadores, a Mostra contará com filmes consagrados sobre o tema que já viajaram
o mundo, além de filmes recentes inéditos no Brasil.
Sucesso
em 2012
No ano
passado, a Mostra Animal contou com números recordes de filmes inscritos e de
público. Com o sucesso, o evento ganhou uma edição itinerante em Brasília, São
Paulo e Florianópolis. Entre as produções exibidas em 2012 destacam-se “A Galinha
que Burlou o Sistema” de Quico Meirelles, “Quanto Custa?”, de Fiori Voniére, e
“Peaceable Kingdom”, de Tribe of Heart, que emocionou o público presente
com uma mensagem de paz e esperança entre humanos e não humanos.
Denúncias
importantes também deram o tom da Mostra, com as produções “A Engrenagem”, que
conta com Ellen Jabour e Eduardo Pires no elenco, e que mostrou de forma
contundente o que ocorre atrás dos muros da indústria de carnes e derivados de
animais, e “Pega de Cara”, filme português que escancara os bastidores e a
violência das touradas no país. Filmes mais leves também fizeram parte do mix
exibido, como “Porco Amor”, de Ursula Strauch, que encantou as crianças, e
“Dança do Tempo”, que levou os presentes a uma viagem de sons, cores e sensações.
Expectativa
para 2013
Para o
organizador da Mostra Animal, Ricardo Laurino, a expectativa é que esse ano a
Mostra receba um número ainda maior de filmes inscritos. Haverá, ainda, nos
intervalos de exibição dos filmes, a venda de livros e camisetas, além de
alimentos sem ingredientes de origem animal. “Observamos um interesse cada vez
maior da sociedade sobre a temática do respeito aos animais”. Um das produções
confirmadas para 2013 é o documentário norte-americano da equipe Tribe of
Heart, “The Witness” – (A Testemunha), que será traduzido para o português
especialmente para a Mostra.
Confira o
depoimento da diretora de cinema Fiori Vonière, que recebeu o “Oscow” em duas
edições, sobre sua relação com os animais e sobre sua experiência com cinema:
Como você
descreveria sua relação com os animais?
Uma vez,
quando eu era criança, minha mãe, que sempre me acusava de gostar mais da
cachorra do que dela, me fez a seguinte pergunta: “Se eu e a Ivi (minha
cachorra) estivéssemos nos afogando no mar e você pudesse salvar apenas uma,
quem você escolheria?” Com aproximadamente nove anos, pensei bastante sobre a
pergunta, tentei me colocar naquela situação e respondi com convicção: “Eu iria
morrer tentando salvar vocês duas”.
Na Mostra
Animal de 2011, o filme “A Morte de um Cão” gerou inicialmente revolta na
plateia, pois o animal parecia estar sofrendo e nada estava sendo feito para
ajudá-lo. Apenas nos últimos segundos entendemos o que se passou. Qual foi o
objetivo de adotar essa forma provocativa de abordar o assunto?
O filme
foi montado para causar emoções específicas, recriando meus próprios
sentimentos da primeira vez que tomei a iniciativa de acolher um cão
necessitado. Eram três fêmeas que foram abandonadas em frente ao local que eu
morava, e duas delas estavam grávidas. Na época eu trabalhava muitas horas, não
tinha dinheiro e nem tempo para ajudá-las. Mas com o passar dos dias, meu
sentimento foi passando de tristeza para revolta. Fui percebendo como os
animais estavam completamente sujeitos à boa vontade de alguém, e que ninguém
iria fazer nada a respeito. Então tomei a difícil decisão de assumir essa responsabilidade
e acolhi as três. Antes dessa experiência, os animais abandonados faziam parte
de um cenário que eu achava não ter capacidade para mudar, ali vi que tenho
capacidade e entendi que, se acho que algo deve ser feito, não posso ficar
esperando que outra pessoa o faça. Com o filme “A Morte de um Cão” busquei
recriar esse processo. Pela manipulação do tempo através da montagem, pude
levar o espectador a um ponto tal de angústia até que ele deseje estar no meu
lugar para poder fazer alguma coisa. Decidir agir é a parte mais difícil do
processo, acredito que se o espectador chegar a esse ponto na sala de cinema,
talvez quando se deparar com a mesma situação no mundo real, a decisão de
ajudar já tenha sido tomada.
Na Mostra
Animal 2012, “Quanto custa”, também deixou os espectadores em suspenso. A
primeira metade do curta aparentemente não tem qualquer relação com os animais,
só a partir do meio é que você faz uma conexão brilhante. Como surgiu essa
ideia?
Minha
intenção foi de usar o vídeo como um dispositivo que possibilite ao espectador
ter uma percepção intensificada da realidade e, consequentemente, maior
compreensão da mesma. Para os protetores de animais, fazer a relação que o
filme propõe é corriqueiro, acontece toda vez que vemos um ser vivo com etiqueta
de preço, mas a maioria das pessoas não consegue enxergar problema nisso. Neste
sentido, tive a ideia de sobrepor as imagens dos animais à venda a um áudio que
escancarasse essa prática, assim como relacionar o processo capitalista a que
objetos e animais estão sujeitos, expondo que tudo que é vendido é mercadoria e
que, portanto, também é tratado, trocado e descartado como mercadoria. Isso é
óbvio, mas é algo tão comum que se tornou invisível. Aí entra a capacidade que
o audiovisual tem de fazer o espectador rever uma realidade da qual estava
anestesiado apresentando o mesmo problema de uma forma diferente para que possa
ser novamente notado, pois mesmo uma imagem forte perde seu efeito quando esta
inserida na rotina.
Você
poderia contar um pouco sobre sua experiência com cinema? Como surgiu seu
interesse na área?
Sempre
gostei de cinema, desde criança meus interesses para escolher filmes na
locadora eram, no mínimo, esquisitos. Quando adolescente percebi na produção
cinematográfica a única maneira de estudar todos os assuntos aleatórios que me
intrigavam, e transformá-los num produto consumível por todo tipo de pessoas,
podendo atingi-las em um nível mais profundo com questões que muitas não teriam
acesso de outra maneira. Acredito muito que tenho algo a comunicar a sociedade.
Venho trabalhando com direção de arte, fotografia e, principalmente, montagem.
Também procuro estar sempre escrevendo roteiros e dirigindo minhas próprias
produções.
Após ter
recebido o Oscow 2011 e 2012 em sua categoria, a que atribui a escolha do
público por duas vezes consecutivas? Estilo, criatividade, originalidade? Como
surge a inspiração?
O mérito
dos filmes é exatamente a simplicidade, principalmente para o público da Mostra
Animal. Ambas as ideias são óbvias, clichês, entretanto, temos dificuldade para
transmiti-las para a sociedade. Acho que o público decidiu homenagear os meus
filmes por causarem emoções capazes de transmitir a qualquer um tudo aquilo em
que acreditamos, e que, muitas vezes, tentamos sem sucesso explicar às pessoas
que não estão acostumadas a enxergar os animais com o respeito que nós
enxergamos. Em ambos os casos, a inspiração veio a partir de propostas para
trabalhos da faculdade de cinema. Como a questão animal é parte importante da
minha vida, acaba estando presente quando busco questões relevantes a serem
abordadas.
Qual a
sensação de ganhar um Oscow?
É
incrível! Da primeira vez que ganhei, algo dentro de mim dizia “Você vai
ganhar, se prepare”… Eu senti o quanto “A Morte de um Cão” tinha emocionado o
público, mas racionalmente eu olhava as outras produções e dizia: “Não, o
Fulano vai ganhar”. Foi só quando peguei a estátua que caiu a ficha, e então
comecei a chorar e falar besteiras, pois não havia me preparado. Das duas vezes
foi muito emocionante. Para mim, o Oscow é um grande incentivo, é a prova de
que estou indo pelo caminho certo, que o público tem visto em mim capacidade
para utilizar a linguagem cinematográfica em prol dos animais.
Você está
trabalhando em algum curta para a IV Mostra Animal?
Sim, mas
ainda não estou produzindo, estou madurando uma ideia e pretendo começar a
filmar em breve.
Que
conselhos daria para quem se interessa por cinema e gostaria de participar da
Mostra Animal apresentando uma obra, porém não tem muita experiência?
A primeira
coisa é colocar a ideia no papel, esqueça o cinema por enquanto, escreva o que
você quer comunicar numa folha, e só o que estiver na sua cabeça. A partir
disso, faça pesquisas, procure o que outras pessoas já falaram sobre o assunto,
ou sobre qualquer coisa que tenha a mínima relação com o que você quer contar.
Depois de muita pesquisa você compõe o discurso do seu filme. Você precisará
recriar esse discurso através de imagens e som, e cinema é emoção. Que emoções
você precisa causar no espectador para transmitir seu recado? Decida isso e
então assista a filmes que vão te inspirar para transformar sua ideia nas
imagens certas. O mais importante é usar o que temos de único, tem pouco valor
um filme que qualquer um poderia ter feito, por exemplo, não comunique: “os
animais sofrem”, comunique: “é isso que sinto quando os animais sofrem”. Quando
alguém vai ao cinema está esperando sentir emoções, identificar-se com o tema
(por mais distante que esteja da vida da pessoa), ninguém quer receber
informações de uma cartilha. De resto, uma maquina fotográfica, um programa
simples de edição (Movie Maker) e um pouco de senso estético dão conta do
trabalho.
Serviço
Inscrições
de filmes para a IV Mostra Animal – Mostra Internacional de Cinema Pelos
Animais.
Data: até 15 de agosto
Mais informações: www.mostraanimal.com.br
Inscrição gratuita
Data: até 15 de agosto
Mais informações: www.mostraanimal.com.br
Inscrição gratuita
Informações
para a imprensa
Literato
Comunicação e Conteúdo
(41) 3023 6600
www.literatocomunicacao.com.br
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Roberta Braga (41) 9677-7294
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Fonte: ANDA
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