O cão Obama e o gato Jonny doam
sangue regularmente. (Foto: Gustavo Frasão / R7)
Doar sangue pode salvar muitas vidas
e curar doenças. O procedimento, antes restrito aos humanos, já está disponível
para animais. Agora, cães e gatos também estão aptos a doar e a fazer
transfusão de sangue.
A ideia surgiu do médico veterinário
Plínio Rossi Arantes depois de observar que muitos tutores perdiam seus animais
domésticos pela ausência deste tipo de serviço na capital federal.
Foi então que decidiu criar, em 2001,
o Centro Veterinário de Hemoterapia que funciona dentro de uma clínica
particular no Jardim Botânico, região administrativa do DF, especializada em
exames como cardiologia, endocrinologia, odontologia, oftalmologia, oncologia,
ortopedia, urologia e outras áreas difíceis de serem encontradas para animais de
pequeno porte.
“É uma especialidade de extrema
importância que até então não era oferecida em Brasília. Hoje, nós mantemos um
estoque e revendemos as bolsas com sangues coletados para praticamente todos os
hospitais veterinários do Distrito Federal que precisam de apoio para cuidar de
cães ou gatos em condições críticas de saúde. A ideia é prestar um serviço de
altíssima qualidade e salvar o maior número possível de vidas.”
Um exemplo de quem já ajudou e também
precisou receber ajuda aconteceu com Obama e Tina, dois cachorros que não têm
qualquer grau de parentesco, mas moram juntos com a família de Andréa Romero,
de 39 anos, moradora do Jardim Botânico. Ela e a filha, Bianca Romero, de 18
anos, cuidam dos bichos como se fossem da família.
Obama é um labrador e Tina uma cadela
vira-lata. O sangue de Obama correu durante alguns meses nas veias de Tina,
quando ela foi diagnosticada com um tipo de anemia profunda e incurável em
2012. Na época, o veterinário disse que ela teria no máximo três meses de vida
caso não fizesse uma transfusão sanguínea imediata.
Depois de exames específicos, ficou
comprovado que Obama era clinicamente compatível e que o sangue dele seria
ideal para prolongar a vida da cadela. Ela foi internada e recebeu meio litro
de sangue, quantidade que a fez lutar bravamente contra a doença durante mais
de um ano.
Andréa contou que Tina doou sangue
desde o primeiro ano (idade mínima), assim como Obama, que hoje tem quatro
anos, e ajudou a salvar ou prolongar a vida de outros animais. Até então, ela
nunca tinha passado pelo processo inverso, mas para a “família” foi
gratificante vê-la doando e recebendo doação quando precisou.
“Quase ninguém sabe que os animais
também podem doar sangue. É preciso que se tenha consciência, que a população
abra os olhos e veja que assim como nós eles (animais) também têm vida e quando
ficam doentes podem ser salvos com este gesto solidário.”
Além dos cachorros, Andréa e a filha
criam outros dois cães e nove gatos. Entre os gatos estão Jade, de sete anos,
Jonny e Pulguinha, ambos com três anos. Eles são felinos sem raça definida e
assim como os demais companheiros, ajudam a salvar a vida de outros animais por
meio da doação de sangue periodicamente.
“É uma sensação indescritível saber
que seu bichinho pode ser salvo ou salvar vidas e que você pode colaborar para
que tudo isso aconteça.
Vantagens para
doação
Assim como os humanos, os cães ou
gatos doadores de sangue recebem alguns benefícios (que se estendem aos
tutores). Entre eles está, por exemplo, o direito de fazer um check-up
completo, ou seja, uma bateria total de exames para comprovar a boa saúde do
animal. A coleta do sangue, a doação e as análises clínicas, nestes casos, são
totalmente gratuitas e acontecem uma vez a cada três meses sem oferecer
qualquer risco para o doador, uma vez que o sangue é reposto naturalmente pelo
organismo em até 21 dias.
No momento do procedimento de doação
também são realizadas outras avaliações físicas e laboratoriais para a
identificação de uma possível doença incubada que ainda não apresentou sintomas
clínicos. Em seguida, o bicho recebe uma alimentação e fica em repouso
até a chegada do tutor.
Não dói e é rápido
O procedimento para coletar o sangue
que será doado dura, em média, de 20 a 30 minutos e não causa qualquer tipo de
dor ou incômodo no animal.
A coordenadora do projeto “Banco de
Sangue Canino” da UnB (Universidade de Brasília), Ana Carolina Mortari,
garantiu que o cachorro não sente nem a picada da agulha no corpo em função da
camada espessa da gordura que tem por cima da pele.
“O procedimento não é doloroso, muito
menos traumático. Os doadores não sofrem de maneira alguma e voltam para casa
normalmente em seguida.”
Acostumado a coletar o sangue de dez
animais a cada 15 dias para doação, o médico responsável pela clínica, Plínio
Arantes, confirmou que o procedimento é indolor. Ele explicou que o material
pode ser retirado da pata ou do pescoço do animal.
“Antes de introduzirmos a agulha,
fazemos uma depilação de leve e higienizamos o local com álcool para evitar
qualquer tipo de infecção. Lavamos as mãos, usamos luvas e deixamos o animal o
mais confortável e calmo possível.”
No fim da doação, os cães e gatos
ganham presentes como biscoitos e outros alimentos, além de um “cafuné” como
recompensa.
Arantes explicou que o procedimento é
mais fácil com os cachorros, que não precisam de sedação. Os gatos, porém,
precisam ser sedados pelo fato de serem mais ágeis, ariscos e inquietos, mas
assim como os cachorros eles não sentem qualquer tipo de dor ou incômodo.
“O efeito do medicamento é rápido e
quando terminamos o procedimento ele já está acordado novamente.”
Quem pode doar
Da mesma forma que os seres humanos,
não é todo animal que pode doar sangue. No caso dos cachorros, é preciso o peso
mínimo de 27 quilos e idade entre um e oito anos. Eles também devem estar com
as vacinações e vermifugações em dia, não podem ter doenças crônicas e precisam
ser de temperamento dócil. A coleta será de 450 a 500 ml.
Os mesmos critérios para os cães são
adotados para os gatos, exceto o peso que deve ser de no mínimo 4,5 quilos. O
felino doador também precisa ter temperamento dócil e a coleta será de até 50
ml. Em ambas as situações (cães e gatos) as fêmeas não podem estar grávidas.
Onde doar
As doações ou transfusões podem ser
feitas no Centro de Especialidades Veterinárias, que fica no Condomínio San
Diego, Lote 13, Loja 01 do Jardim Botânico.
O telefone é o (61) 3427.2282 e o
E-mail para contato é contato@cevbrasilia.com.br
Fonte: R7
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