terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Especialistas condenam morte induzida de animais para controle de zoonoses.


A Câmara Legislativa promoveu nesta segunda-feira (25) audiência pública para tratar das ações de combate à leishmaniose no Distrito Federal. Estratégias para controlar a doença, que atinge seres humanos, cães, gatos e animais silvestres, foram debatidas, com ênfase em métodos que não impliquem na morte induzida de animais. A iniciativa do debate partiu do deputado Prof. Israel (PV), que defendeu maior empenho do governo no controle da leishmaniose. “É um tema muito polêmico e que não envolve somente os animais, mas a população de um modo geral. O poder público precisa atuar de maneira mais enfática no combate a essa doença”, enfatizou.

                                                  A vacina ainda é considerada a melhor prevenção (Foto: Reprodução Internet)

O diretor do hospital veterinário Prontovet e fundador do grupo de estudos sobre leishmaniose Brasileish, Paulo Tabanez, demonstrou a ineficácia da indução da morte para o controle da doença.

“Várias pesquisas comprovam que a eficácia está na vacinação e no esclarecimento da população. Matar os animais não diminui a propagação da doença e, em muitos casos, animais falso-positivos são mortos sem necessidade”, explicou.

A diretora da associação de proteção aos animais Proanima, Simone Lima, ressaltou a importância de controlar os focos do mosquito transmissor da doença. “Brasília, por sua imensa quantidade de árvores, tem muita matéria orgânica que atrai o mosquito-palha. Retirar todo esse material regularmente é um grande desafio, mas é uma necessidade. Não se acaba com a doença matando os animais e, mesmo se isso fosse eficaz, a maioria dos tutores não os entregaria. É preciso entender que os animais têm direito à vida e ao tratamento veterinário”, defendeu.

O subsecretário de Meio Ambiente, Luiz Maranhão, ressaltou as iniciativas do GDF para o combate à doença. “O governador Agnelo constituiu um comitê para tratar da leishmaniose e queremos a participação da comunidade acadêmica e da sociedade em geral para enfrentarmos esse desafio”, disse. E completou: “O grande problema é que os cães foram escolhidos como culpados, quando sabemos que vários animais, como os gambás que hoje se proliferam no DF, também são atingidos pela doença. Além disso, muitas casas mantêm canis em péssimas condições, verdadeiros focos de disseminação da leishmaniose”. Um documento com sugestões de políticas integradas foi elaborado ao final da audiência e deverá ser encaminhado aos órgãos responsáveis.

A doença

Na capital federal, entre janeiro e outubro deste ano, 550 casos de leishmaniose foram registrados em cães, mesmo número apontado durante todo o ano passado. A leishmaniose é causada pelo protozoário Leishmania, que é transmitido pela picada de um inseto conhecido como mosquito-palha. A doença acomete com mais frequência os cães, mas também infecta o ser humano. Os animais costumam apresentar sintomas como perda de apetite, feridas no corpo, unhas crescidas, queda de pêlos e secreção nos olhos. No DF, as cidades com maior incidência da doença são Fercal, Lagos Sul e Norte, Varjão, Sobradinho I e II, Colorado e Jardim Botânico.

Fonte: Câmara Legislativa
Site: ANDA


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