segunda-feira, 22 de julho de 2013

Mostra reúne filmes com temática animal.


Foto: Divulgação


                                                                        Foto: Divulgação

De 30 de novembro a 1º de dezembro de 2013, acontece, em Curitiba, a 4º edição da Mostra Animal – Mostra Internacional de Cinema Pelos Animais. O evento é um dos mais importantes do país e ajuda promover o debate e a reflexão sobre a defesa e respeito aos animais em suas mais amplas formas. Interessados em inscrever seus filmes – sejam produções independentes ou profissionais, curtas ou longas-metragens – devem entrar no site www.mostraanimal.com.br no link “Inscrições”. A inscrição vai até o dia 15 de agosto e é gratuita.

A Mostra Animal teve sua primeira edição em 2009 e, de lá para cá, vem se consolidando no calendário de eventos para o movimento de respeito aos animais. Na última edição, em 2012, foram exibidas 19 produções nacionais e internacionais. O evento é organizado pela SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura da Cidade e apoio de empresas e organizações importantes como ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais, CNA – Curitiba/Boa Vista, ViSta-se e Semente de Girassol – Produtos Veganos.

“Nos próximos anos, a tendência é que aconteça uma “explosão” do tema animal em nossa sociedade, e o cinema e as artes serão peças importantes para ajudar na conscientização em relação à necessidade de uma nova forma de nos relacionarmos com as outras espécies que habitam nosso planeta”, observa Ricardo Laurino, coordenador da IV Mostra Internacional de Cinema pelos Animais.

Ricardo explica que qualquer pessoa pode colocar uma câmera nas mãos e gravar seu vídeo ou depoimento mostrando a interação entre homens e animais. Além de vídeos amadores, a Mostra contará com filmes consagrados sobre o tema que já viajaram o mundo, além de filmes recentes inéditos no Brasil.

Sucesso em 2012

No ano passado, a Mostra Animal contou com números recordes de filmes inscritos e de público. Com o sucesso, o evento ganhou uma edição itinerante em Brasília, São Paulo e Florianópolis. Entre as produções exibidas em 2012 destacam-se “A Galinha que Burlou o Sistema” de Quico Meirelles, “Quanto Custa?”, de Fiori Voniére, e “Peaceable Kingdom”, de Tribe of Heart,  que emocionou o público presente com uma mensagem de paz e esperança entre humanos e não humanos.

Denúncias importantes também deram o tom da Mostra, com as produções “A Engrenagem”, que conta com Ellen Jabour e Eduardo Pires no elenco, e que mostrou de forma contundente o que ocorre atrás dos muros da indústria de carnes e derivados de animais, e “Pega de Cara”, filme português que escancara os bastidores e a violência das touradas no país. Filmes mais leves também fizeram parte do mix exibido, como “Porco Amor”, de Ursula Strauch, que encantou as crianças, e “Dança do Tempo”, que levou os presentes a uma viagem de sons, cores e sensações.

Expectativa para 2013

Para o organizador da Mostra Animal, Ricardo Laurino, a expectativa é que esse ano a Mostra receba um número ainda maior de filmes inscritos. Haverá, ainda, nos intervalos de exibição dos filmes, a venda de livros e camisetas, além de alimentos sem ingredientes de origem animal. “Observamos um interesse cada vez maior da sociedade sobre a temática do respeito aos animais”. Um das produções confirmadas para 2013 é o documentário norte-americano da equipe Tribe of Heart, “The Witness” – (A Testemunha), que será traduzido para o português especialmente para a Mostra.

Confira o depoimento da diretora de cinema Fiori Vonière, que recebeu o “Oscow” em duas edições, sobre sua relação com os animais e sobre sua experiência com cinema: 

Como você descreveria sua relação com os animais? 

 Uma vez, quando eu era criança, minha mãe, que sempre me acusava de gostar mais da cachorra do que dela, me fez a seguinte pergunta: “Se eu e a Ivi (minha cachorra) estivéssemos nos afogando no mar e você pudesse salvar apenas uma, quem você escolheria?” Com aproximadamente nove anos, pensei bastante sobre a pergunta, tentei me colocar naquela situação e respondi com convicção: “Eu iria morrer tentando salvar vocês duas”.

Na Mostra Animal de 2011, o filme “A Morte de um Cão” gerou inicialmente revolta na plateia, pois o animal parecia estar sofrendo e nada estava sendo feito para ajudá-lo. Apenas nos últimos segundos entendemos o que se passou. Qual foi o objetivo de adotar essa forma provocativa de abordar o assunto?

 O filme foi montado para causar emoções específicas, recriando meus próprios sentimentos da primeira vez que tomei a iniciativa de acolher um cão necessitado. Eram três fêmeas que foram abandonadas em frente ao local que eu morava, e duas delas estavam grávidas. Na época eu trabalhava muitas horas, não tinha dinheiro e nem tempo para ajudá-las. Mas com o passar dos dias, meu sentimento foi passando de tristeza para revolta. Fui percebendo como os animais estavam completamente sujeitos à boa vontade de alguém, e que ninguém iria fazer nada a respeito. Então tomei a difícil decisão de assumir essa responsabilidade e acolhi as três. Antes dessa experiência, os animais abandonados faziam parte de um cenário que eu achava não ter capacidade para mudar, ali vi que tenho capacidade e entendi que, se acho que algo deve ser feito, não posso ficar esperando que outra pessoa o faça. Com o filme “A Morte de um Cão” busquei recriar esse processo. Pela manipulação do tempo através da montagem, pude levar o espectador a um ponto tal de angústia até que ele deseje estar no meu lugar para poder fazer alguma coisa. Decidir agir é a parte mais difícil do processo, acredito que se o espectador chegar a esse ponto na sala de cinema, talvez quando se deparar com a mesma situação no mundo real, a decisão de ajudar já tenha sido tomada.

Na Mostra Animal 2012, “Quanto custa”, também deixou os espectadores em suspenso. A primeira metade do curta aparentemente não tem qualquer relação com os animais, só a partir do meio é que você faz uma conexão brilhante. Como surgiu essa ideia?

 Minha intenção foi de usar o vídeo como um dispositivo que possibilite ao espectador ter uma percepção intensificada da realidade e, consequentemente, maior compreensão da mesma. Para os protetores de animais, fazer a relação que o filme propõe é corriqueiro, acontece toda vez que vemos um ser vivo com etiqueta de preço, mas a maioria das pessoas não consegue enxergar problema nisso. Neste sentido, tive a ideia de sobrepor as imagens dos animais à venda a um áudio que escancarasse essa prática, assim como relacionar o processo capitalista a que objetos e animais estão sujeitos, expondo que tudo que é vendido é mercadoria e que, portanto, também é tratado, trocado e descartado como mercadoria. Isso é óbvio, mas é algo tão comum que se tornou invisível. Aí entra a capacidade que o audiovisual tem de fazer o espectador rever uma realidade da qual estava anestesiado apresentando o mesmo problema de uma forma diferente para que possa ser novamente notado, pois mesmo uma imagem forte perde seu efeito quando esta inserida na rotina.

Você poderia contar um pouco sobre sua experiência com cinema? Como surgiu seu interesse na área?

Sempre gostei de cinema, desde criança meus interesses para escolher filmes na locadora eram, no mínimo, esquisitos. Quando adolescente percebi na produção cinematográfica a única maneira de estudar todos os assuntos aleatórios que me intrigavam, e transformá-los num produto consumível por todo tipo de pessoas, podendo atingi-las em um nível mais profundo com questões que muitas não teriam acesso de outra maneira. Acredito muito que tenho algo a comunicar a sociedade. Venho trabalhando com direção de arte, fotografia e, principalmente, montagem. Também procuro estar sempre escrevendo roteiros e dirigindo minhas próprias produções.

Após ter recebido o Oscow 2011 e 2012 em sua categoria, a que atribui a escolha do público por duas vezes consecutivas? Estilo, criatividade, originalidade? Como surge a inspiração?

O mérito dos filmes é exatamente a simplicidade, principalmente para o público da Mostra Animal. Ambas as ideias são óbvias, clichês, entretanto, temos dificuldade para transmiti-las para a sociedade. Acho que o público decidiu homenagear os meus filmes por causarem emoções capazes de transmitir a qualquer um tudo aquilo em que acreditamos, e que, muitas vezes, tentamos sem sucesso explicar às pessoas que não estão acostumadas a enxergar os animais com o respeito que nós enxergamos. Em ambos os casos, a inspiração veio a partir de propostas para trabalhos da faculdade de cinema. Como a questão animal é parte importante da minha vida, acaba estando presente quando busco questões relevantes a serem abordadas.

Qual a sensação de ganhar um Oscow?

É incrível! Da primeira vez que ganhei, algo dentro de mim dizia “Você vai ganhar, se prepare”… Eu senti o quanto “A Morte de um Cão” tinha emocionado o público, mas racionalmente eu olhava as outras produções e dizia: “Não, o Fulano vai ganhar”. Foi só quando peguei a estátua que caiu a ficha, e então comecei a chorar e falar besteiras, pois não havia me preparado. Das duas vezes foi muito emocionante. Para mim, o Oscow é um grande incentivo, é a prova de que estou indo pelo caminho certo, que o público tem visto em mim capacidade para utilizar a linguagem cinematográfica em prol dos animais.

Você está trabalhando em algum curta para a IV Mostra Animal?

Sim, mas ainda não estou produzindo, estou madurando uma ideia e pretendo começar a filmar em breve.

Que conselhos daria para quem se interessa por cinema e gostaria de participar da Mostra Animal apresentando uma obra, porém não tem muita experiência?

A primeira coisa é colocar a ideia no papel, esqueça o cinema por enquanto, escreva o que você quer comunicar numa folha, e só o que estiver na sua cabeça. A partir disso, faça pesquisas, procure o que outras pessoas já falaram sobre o assunto, ou sobre qualquer coisa que tenha a mínima relação com o que você quer contar. Depois de muita pesquisa você compõe o discurso do seu filme. Você precisará recriar esse discurso através de imagens e som, e cinema é emoção. Que emoções você precisa causar no espectador para transmitir seu recado? Decida isso e então assista a filmes que vão te inspirar para transformar sua ideia nas imagens certas. O mais importante é usar o que temos de único, tem pouco valor um filme que qualquer um poderia ter feito, por exemplo, não comunique: “os animais sofrem”, comunique: “é isso que sinto quando os animais sofrem”. Quando alguém vai ao cinema está esperando sentir emoções, identificar-se com o tema (por mais distante que esteja da vida da pessoa), ninguém quer receber informações de uma cartilha. De resto, uma maquina fotográfica, um programa simples de edição (Movie Maker) e um pouco de senso estético dão conta do trabalho.

Serviço
Inscrições de filmes para a IV Mostra Animal – Mostra Internacional de Cinema Pelos Animais.
Data: até 15 de agosto
Mais informações: www.mostraanimal.com.br
Inscrição gratuita

Informações para a imprensa
Literato Comunicação e Conteúdo
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Roberta Braga (41) 9677-7294

Fonte: ANDA

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